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Tudo o que precisa para ser menos infeliz

Entrou na moda estar em crise. Desde o nível pessoal ao social. Há crises para todos os gostos. Crise de identidade, de crescimento; crise nas instituições, nos valores, no mundo em geral. Crise do passado, do tempo atual e do que há-de-vir. Na agricultura, no comércio e na indústria. Crises passageiras e crónicas. Muita gente diz que a crise é uma oportunidade, ou gerir a crise é, acima de tudo, uma situação normal. Anormal será não haver crises. No meio de tanta crise, que fazer? Para já ponha-se em alerta. Misture-se na multidão, não faça ondas; ou seja, não fique invisível, mas também não se mostre em demasia. Depois, não se prenda a nada que o prenda a si. Descarte o passado e o futuro entregue-o ao seu Deus, aquele que você inventa diariamente para espiar os seus pecados e a sua culpa. Mais cedo que tarde, o futuro será passado e o tempo acumulado é maior que o tempo que aí vem. Fuja do azar e aproxime-se da sorte. Como ter sorte? Saiba o suficiente e esqueça o su...

A meia

Um professor amigo circulava pela sala de aula, tentando manter a atenção dos alunos sobre o tema das mudanças de estado físico da matéria, das ciências da natureza, abordado no ciclo. Quer se queira ou não, com alguma energia e mudanças de pressão atmosférica, a matéria pode passar do estado sólido, ao líquido e deste ao gasoso e vice-versa. Aquecendo o gelo, passa a água e esta por sua vez a vapor de agua. Claro que há exceções, como passar de sólido a gasoso. Nestas coisas da ciência há sempre algo que escapa às regras gerais, ou que enganam os nossos limitados sentidos. Mas voltemos ao jovem professor de ciências. Armado em arauto da verdade, tentava desmistificar com as suas experiências, algumas crendices e magia populares, que crianças e adultos tanto admiram. Como muitos, o nosso mestre, não gostava de se levantar cedo. As rotinas matinais eram aceleradas, de que resultavam algumas imperfeições no traje. Uma manhã, a estrela foi uma meia solta. Além das que levava calçadas, ...

A vida assombrada

Sem eira e pouca beira, vagueando pela rua, pensava no Honrado e no Ilusório dois dos seus amigos do passado. As coisas corriam mal. Despedido por quem se ficou a rir e não pagou os atrasados, vivia de biscates e morava na Pontinha com o seu azar. O Honrado era um tipo às direitas, mas era um azarento como ele. Por isso entre amigos era mais conhecido por Vaiderroda, que como quem diz "passa ao largo que ainda me trazes azar". Mas era com satisfação que ouvia esta sua alcunha e estava sempre pronto para encontrar soluções e desenrascar o pessoal. Tinha, porém, um certo incómodo em se relacionar com o Ilusório. Terá existido qualquer coisa entre eles menos agradável e relacionada com saias ou dinheiro. O Ilusório morava (ou pelo menos dizia) num bairro novo para os lados da linha. No grupo de amigos sobressaia de fato impecável. Como eu lhe invejava a sua prosápia sobre os temas mais diversos: dinheiro das tias, o carro comprado ou emprestado do tio, as idas ao Porto e ao...