Sentado no seu banco de madeira maciça, Justiniano limpava a sua caçadeira de calibre 12, com dois canos justapostos e sem marca visível. Estava no armazém junto à alta e pesada porta de madeira, entreaberta, com uma cobertura de zinco na parte inferior. No armazém guardava o vinho em 4 grandes tonéis de 9 pipas cada, bem como a salgadeira para conservar o porco criado com as sobras e um armário para os apetrechos da caça. Além da espingarda, lá estavam os cartuchos, pólvora, chumbos, serradura e fulminantes. Para ele, caçar era um vício e também uma arte. Raramente errava uma perdiz, mas os coelhos não lhe interessavam por aí além. O Russinho, seu compadre, esse sim, os coelhos eram a sua predileção. Sozinho ou em companhia de outros caçadores rondava repetidas vezes as matas e terrenos cultivados que circundavam a aldeia. Com as perdizes penduradas no seu cinturão de cabedal, regressava para o almoço e entregava a caça à sua Clara para as preparar para a ceia ou almoço do dia segui...
..Sem grandes pretensões e descuidado quanto baste.