Os anos já pesavam nas pernas do avô Justiniano. Por isso, desistira de subir a pé, por carreiros irregulares, a encosta íngreme para ir ao Lagedo. Preferia ir a cavalo na sua burra e fazer o caminho dando a volta pela povoação. Além disso, podia parar na principal venda da freguesia e ficar a par das informações importantes da aldeia e discutir um pouco do que lhe chegava pelo jornal da política nacional. Era a época dos que eram da "situação", dos que a execravam figadalmente e dos que simplesmente a desprezavam ou ignoravam. No Lagedo, já pela tardinha, abria ao tanque e dava de beber às cebolas, tomates, feijão e demais plantas mais sequiosas, espalhadas por alguns calços colados à encosta virados para as Meadas. Já pelo anoitecer regressava pausadamente a casa, pois a sua burra também aproveitava o tempo no sobreiral adjacente onde comia as iguarias de que gostava, o bracejo, as bolotas e as diversas ervas rasteiras e tenras que selecionava com cuidado. ...
..Sem grandes pretensões e descuidado quanto baste.