Os coentros numa açorda são uma instituição para um alentejano que se preze. Talvez seja como a salsa utilizada na zona duriense para aspergir o coixão de borrego e arroz, em alguidar de barro a cozinhar num forno de lenha. Tanto os coentros como a salsa têm cheiros penetrantes e caraterísticos. São ervas com estatuto cultural marcante, apesar da sua fragilidade herbácea. Mas deixemos a culinária e vamos saber dos encontros do coentro com a salsa. Enquanto a salsa diligentemente atingia a sua maturidade, resistindo às vicissitudes do clima e das incompreensões humanas, o coentro iniciava a sua vida em ambiente protegido e sem grandes complicações. Conheceram-se, como quase sempre acontece, por acaso. Viam-se, falavam, marcavam novos encontros. Ela pacífica e sofrida, ele jovial e assertivo. A salsa envelheceu, começou a engelhar, sem dar conta. Foi sobrevivendo, ultrapassada pela história e pelos acontecimentos, enquanto o pujante coentro, embora austero, se man...
..Sem grandes pretensões e descuidado quanto baste.