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Luzia

Ei-los entados à mesa dum qualquer quiosque de uma bomba de combustíveis junto à estrada que foge da cidade, saboreando os habituais 3 ou 4 golos de café numa tarde solarenga e triste de Dezembro. Poucas mesas e cadeiras dispersas por um pequeno espaço coberto por um moderno toldo de plástico acinzentado. Umas mesas ocupadas com transeuntes ou residentes locais, outras à espera. A cidadania obrigaria a que os clientes, depois de adquirirem o café no quiosque e o saborearem nesta sala parcialmente condicionada pelo sol, vento e chuva, entregassem as respetivas chávenas, pires e colheres no balcão onde as recberam. Mas por vezes a preguiça ou a pressa abandonam na mesa as beatas e a loiça. Um ou outro empregado reparam estes abandonos. Mas lá aparece também, com frequência, o bem disposto e pachorrento empregado mor, fundador e patrão moral da bomba e demais serviços anexos. Sempre coloquial e palavreador recorda ou improvisa histórias dos seus aparentemente bem passados anos...

Um senhor

  "Alumia a senhora até ao quarto, por favor". Podia ser algo dito por qualquer pessoa, num qualquer lugar. Mas esta era a frase que o Justiniano, dizia para a sua nora, Sofia, quando a sua esposa Luísa já se encontrava um pouco toldada e desorientada devido a um pequeno exagero na bebida e entrada na noite. Não revelava um queixume, mau humor ou mesmo crítica ou repreensão. Na sua singela figura, apenas compreensão. O tempo em que o trabalho nos campos era árduo e moldava os corpos ao ritmo das estações do ano, Justiniano gostava de uma boa discussão sobre a política e agricultura. A fé encarregava-se de arrumar o sagrado e o futuro incerto. A esperança era espalhada pelos campos que evoluíam ao seu ritmo, marcado pelas estações e dedicação humana. A caridade ponteava de vez em quando, oferecendo malgas de caldo ou roupas a mendigos itinerantes e a famílias sem posses. De manhã cedo, dava uma olhadela pelas vinhas, olivais e calços de regadio. Uma ...