O barulho de pedras a bater na lâmina da enxada galgava por toda a Aveleira. Campos de cultivo de hortícolas várias, abençoados por água abundante de poços espalhados pelos lameiros, estavam agora impacientes para receber as sementeiras. Rapazes, sem força para a enxada, rapavam com sacholas as ervas e o estrume espalhado no terreno para o corte aberto pelos homens e calcavam a rapadura com os pés. Depois, em perfeita sintonia, os homens viravam a terra com as suas enxadas, cobrindo as rapanças e rasgando novo valado na terra ainda húmida, para onde os rapazes voltavam a rapar. Acabada a batida das pedras, que se repetia várias vezes no dia e pelos diversos grupos dispersos que cavavam os vários lameiros, subia o som uníssono das vozes dos cavadores: - "VIVA SÉÉÉ...". Era a altura de fazer uma rodada da tarola ou garrafão para saciar a sede, acicatada pelo esforço do trabalho e o calor do sol de Maio. Era o tempo das Bessadas. O cuco já tinha voltado e dado sinal...
..Sem grandes pretensões e descuidado quanto baste.