Deitou-se e adormeceu. A respiração abranda, o corpo deixa-se ir, com os sonhos a invadirem a sua cabeça. Corre pelo campo, levanta os pés e aí vai ele a voar, a subir, a ver a sua casa num emaranhado deformado de ruas, telhados, copas de árvores e pássaros pretos, muitos, com voos acrobáticos, como se fossem andorinhas. O tempo inevitavelmente parou. Pararam as andorinhas e tudo o resto. Não só o tempo, também o espaço gelou. Nada se mexe, nada sai do seu lugar. Um ténue zumbido constante é tudo o que resta. O tempo reinicia a sua marcha. Acorda, olha pela janela. A manhã estava gelada, o sol pequeno e redondo emitia uma luz embaciada. Interroga-se sobre onde está. O que se terá passado? Que terreno rude, raso e salpicado de pedregulhos veem os seus olhos? Lá ao longe, uma roda iluminada. Ainda mais além, uma pequena luz redonda, azulada, pairando no espaço junto ao horizonte. Há algo de fascinante neste ponto de luz constante. Estendeu-lhe a mão, o espaço encurtou-se e ouviu...
..Sem grandes pretensões e descuidado quanto baste.