Ao longo da extensa subida da Costeira a caminho de Lamego, Maria sofria por dentro a amarga incerteza em conseguir a cura para o seu filho de dois anos. Com a criança num cesto de verga de castanho, que carregava à cabeça e um outro filho mais velho a caminhar a seu lado, ia nos limites da velocidade que as suas forças, o sol ardente e a inclinação da encosta permitiam. A criança, com a barriga inchada, tinha deixado de andar, esmorecera e refugiara-se num olhar mortiço depois de atacado por uma doença que se supunha ser o Calazar. A sua persistência já a tinham feito deslocar a diferentes locais, hospitais e médicos. Ao Pocinho onde existia um serviço especial para esta doença, à Régua. A médicos e também a bruxos e curandeiros das redondezas, porque um filho é um tesouro para quem se vai buscar ao fim do mundo tudo o que ele precisar. Uma médica nova, acabada de formar era hoje o seu destino. "Olhe senhora Maria. Há umas novas injecões que podem curar o seu filho...
..Sem grandes pretensões e descuidado quanto baste.