Num recanto do largo corredor que liga a cozinha ao armazém, em frente aos dois largares onde se recolhe temporariamente a azeitona e se pisam as uvas nos seus devidos tempos, está a família reunida a almoçar umas batatas e bacalhau. A mesa, de duas largas e espessas tábuas de castanho, acompanhada de dois singelos bancos corridos. A um canto junto à porta, enxadas e outros apetrechos agrícolas pendurados em travessas agarradas às paredes. Numa copeira cavada na parede de pedra variada zelosamente acamadas, está o transístor, um sinal de modernidade intrigante que debita música, notícias, reclames e folhetins. O almoço decorria inquieto, com ordens e ameaças dos pais para os filhos mais pequenos que entremeavam a comida com irrequietudes. A irrequietude do Miguel ultrapassou a paciência do seu pai Justo. No meio da troca acesa de palavras e gestos desentendidos e agrestes, o Miguel chora e faz birra afastando-se da mesa e batendo o pé à comida. O transístor atento ao sucedido com...
..Sem grandes pretensões e descuidado quanto baste.