Noite cerrada de inverno. Chuva tocada a vento sul, batendo nas vidraças das janelas, viradas a sudoeste, duma casa pregada na encosta em frente ao Marão. A água escorre a custo pela janela. Alguma dela entra no quarto pelas gretas abertas no betume que fixa os vidros aos caixilhos, a necessitarem de "reforma". Num quarto exíguo, uma criança, sentada na enxerga cheia de palha de centeio e assente no chão, percorre o seu livro escolar de aritmética nas páginas para aprender a contar e ao sistema de numeração decimal. Não sabia, naquela altura, que existiam outros sistemas de numeração. Tudo coisas criadas ou imaginadas por homens longínquos, talvez na Ásia Hindú, onde hoje é o Paquistão. Os árabes, perceberam a sua importância aprenderam-nas, melhoraram-nas e trouxeram-nas para a Europa. Duma candeia de azeite irradia uma luz trémula. O nosso aluno da primária, lê e relê aqueles gatafunhos numéricos, misturados com mais outros gatafunhos, as letras. Percorre do um...
..Sem grandes pretensões e descuidado quanto baste.