Estacionou o carro, depois de uma longa jornada de cerca de 3 horas a conduzir de regresso a casa. Era quase noite, saiu do carro e observou o pára-brisas, capot e faróis. Entristecido, ajoelhou-se junto ao carro e rezou algumas ave-marias pela alma dos imensos mosquitos esmagados contra o carro. Rezou também por alma de uns poucos gafanhotos imóveis, cravados na grelha frontal. O que antes tinham sido seres refinados pela evolução para sobreviver em ambientes hostis, eram agora pontos inertes num vidro ou chapa metálica. Cansado e de joelhos doridos o nosso Panteísta acaba as preces e entra em casa. As suas ave-marias chegaram rapidamente ao céu. Tão rápido como o esquecimento a que votou os pontos de exosqueletos do seu carro. Descalça os sapatos de pele, atira o saco de roupa suja que levara para a viagem e liga a TV. Aparecem umas poucas moscas e mosquitos que aproveitaram a sua ausência e a temperatura amena da sala para deambularem pelos cantos da casa. Sabe Deu...
..Sem grandes pretensões e descuidado quanto baste.