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Mensagens

A mostrar mensagens de julho, 2017

"Viva Sé"

O barulho de pedras a bater na lâmina da enxada galgava por toda a Aveleira. Campos de cultivo de hortícolas várias, abençoados por água abundante de poços espalhados pelos lameiros, estavam agora impacientes para receber as sementeiras. Rapazes, sem força para a enxada, rapavam com sacholas as ervas e o estrume espalhado no terreno para o corte aberto pelos homens e calcavam a rapadura com os pés. Depois, em perfeita sintonia, os homens viravam a terra com as suas enxadas, cobrindo as rapanças e rasgando novo valado na terra ainda húmida, para onde os rapazes voltavam a rapar. Acabada a batida das pedras, que se repetia várias vezes no dia e pelos diversos grupos dispersos que cavavam os vários lameiros, subia o som uníssono das vozes dos cavadores: - "VIVA SÉÉÉ...". Era a altura de fazer uma rodada da tarola ou garrafão para saciar a sede, acicatada pelo esforço do trabalho e o calor do sol de Maio. Era o tempo das Bessadas. O cuco já tinha voltado e dado sinal...

As imagens - Ver e saber.

Nuvens, montanhas, casas, plantas, muros. É um dia claro, algures no norte de Portugal, em Outubro de 2016. Mas sabemos que, nesse dia de domingo, se vindimava um pouco por toda a parte. Não nesta nova vinha, mas numa outra bem perto dela. Entretanto, o Douro corria lento e dizia adeus ao Peso da Régua e às suas pontes. Pontes que passamos à espera de encontrar do lado de lá o que não temos do lado de cá. Vemos a geometria dos triângulos, arcos e os pilares, mas sabemos que todo o peso acaba por se infiltrar no solo. A maravilha da evolução sintetizada na roda. Um rodado singelo, suficiente para passar à frente do tempo e cavalgar o espaço. Por detrás, a roda do eventual plano inclinado do futuro de borracha. O rio Douro obsevado das Meadas. A dureza da paisagem Vemos os rasgos humanos na terra indefesa e sabemos que lá ao longe alguém chora ou alguém ri. Uns por ver os outros e outros sem ser por nada. Cá em cima o vento traz e leva. Com a sua força vem a energ...